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9 de julho de 2012

Apelo de um desesperado

Douglas terminou a carta escrevendo sua assinatura, com uma letra apressada e mal feita. Ali, ele tinha colocado todo o seu coração, todos seus mais íntimos e caóticos sentimentos. Foram horas tortuosas as que passara sozinho apenas com a caneta em mão, enquanto preenchia o papel com tinta misturada com suas próprias lagrimas que caiam insistentes no papel.
Aquele seria o fim, Douglas estava decidido a acabar com sua própria vida, mas todos iriam sabem, sim eles iriam saber, saberiam de tudo que ele sofreu, das agressões físicas, das humilhações, e do desprezo, esse era o pior de tudo o desprezo. Douglas havia colocado tudo na carta, e quando seus pais voltassem e vissem o corpo do filho estendido no chão e lessem a carta eles entenderiam.
Douglas pegou o vidrinho de comprimidos em cima da mesa, eram os remédios de sua mãe "Meia dose por dia, e os acessos irão parar, mas só meia, qualquer dose maior terá efeitos letais" fora isso que o medico dissera a sua mãe, Douglas fez uma concha com a mão e virou o vidrinho, mais de dez comprimidos ficarão na sua mão, ele fechou os olhos e respirou fundo.

Tudo passou tão rápido, como um filme quando se aumenta a velocidade. Douglas voltou a um tempo que nem sabia ainda estar guardado na memoria, era na segunda serie, e ele havia acabado de entrar no seu novo colégio, ele viu a srt. Ligia a professora esquelética e que parecia estar sempre rouca pedir para que todos se apresentassem, naquela época ele era um garoto gordo, na verdade obesidade infantil se aproximava mais da verdade, usava olhos óculos enormes e fundo de garrafa, e para piorar tinha um problema de audição. Não havia mudado tanto desde então.
Desde aquele dia o seu tormento começou, primeiro vieram os apelidos, elefante, bolinha, snorlax... Os professores nunca faziam nada "É apenas brincadeira de criança" diziam todos "Isso é normal, depois passa", mas não passou, os anos passaram, mas os apelidos ficarão, porem ele ficaria agradecido se fossem só os apelidos.
La pela sexta seria, começaram as agressões, os meninos batiam nele, tapas, chutes, eles andavam sempre em bando, covardes, nem todos batiam, outros ficavam apenas olhando rindo, e incentivando, como se aquilo fosse tudo um espetáculo muito divertido.
Era essa a vida que Dougrlas conhecia, ele era o bobo da sala, o inútil, o invalido, o palhaço. Mas agora ele não precisaria aguentar mais isso, iria morrer, sumir dali, e com certeza iria para um local melhor... e se não fosse? Bem, não importava, ate o vazio seria melhor do que aquele lugar.


Douglas engoliu as pilulas de uma vez,  um gosto azedo se formou na sua boca, depois começou a sentir uma sensação pesada, e então, não sentiu mais nada, foi um colapso, um choque, era como se todas as células de seu corpo estivessem parando de funcionar (e talvez fosse isso mesmo) o pobre Douglas se contorceu no chão, gritou, mas ninguém ouviu, e então por fim, ele morreu.


Não foi como Douglas pensou que seria, ninguém se sentiu culpado, na verdade com a exceção da família, ninguém se importou muito, a morte do colega não comoveu os alunos de sua sala, alguns ate se comoveram, mas foi um sentimento passageiro, com o passar de uma semana, nem lembravam mais do tal Douglas o gorducho. A carta de suicídio também não foi encontrada, Lily a diarista analfabeta jogou fora, pensando que se tratava de um papel qualquer.


Douglas morreu como viveu, esquecido, desprezado.

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