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27 de setembro de 2011

A dama da lua Cap 1 - Sobre eternidade, amor e pecado.

    Não lembro com clareza da minha vida como humana, as lembranças são vagas e confusas, como se eu as visse através de uma espessa neblina, esta neblina se chama tempo.
Talvez você me acuse, como poderia eu esquecer do que talvez foi a época mais feliz da minha vida? Como pude eu esquecer da minha infância, dos meus pais? Do meu primeiro amor e dos meus amigos?
Não me culpe por isso, já basta toda a culpa que eu sinto, eu perdi memórias importantes, sei que são importantes mesmo não lembrando delas.
   O motivo de eu esquecer de tudo isso foi porque eu renasci, como uma entidade superior, adquiri um conhecimento superior posso entender agora coisas que jamais entenderia quando era humana, eu vejo os sentimentos, eles são como um espectro de cores que irradia de cada ser, mas cada sentimento não é apenas de uma cor, o amor por exemplo, as vezes é vermelho quando se manifesta como uma paixão, as vezes ele tem uma coloração rosada esse é o meu amor favorito o amor maternal e as vezes ele é negro esse é o amor obsessivo o que por mais repugnante que seja ainda é uma forma de amor.
Desde então, desde que eu renasci, o tempo parou de surtir efeito para mim, eu não mais envelheço, para mim medidas de tempo como segundo, minuto, hora, dia, semana, mês, ano, século, milênio... Todas elas são inúteis e sem sentido. Tem uma piada que fala sobre isso, um deus se encontrou com outro, os dois eram velhos amigos, o primeiro deus perguntou "Você sabe que horas são?"  outro deus respondeu "faltam sete anos para o decimo segundo milênio", vocês humanos podem achar engraçado, para nos isso é tão normal e compreensivo que não temos porque rir.
Eu vivi tanto tempo que nem lembro mais a minha idade, e também não a motivo para eu lembrar, pois não a sentido em medir o tamanho da minha existência,  não se pode medir o infinito.
   Eu viajei por mundos e dimensões diferentes, meu verdadeiro nome eu esqueci, mas as pessoas apressaram-se em me dar um novo nome, vários deles na verdade (mesmo eu dizendo pessoas, nem sempre eles eram humanos). Os celtas me chamavam de Cerridwen a deusa tríplice da lua, a deusa do caldeirão do conhecimentos e conhecedora de todos os mistérios. Outros me chamavam de Selene, os gregos muitas vezes me confundiram com Artemis deusa da lua e da caça, mas eles estavam errados, eu não sou Artemis, ela é apenas uma velha conhecida, não me perguntem qual velha, eu não saberia dizer quando a conheci e tenho certeza que ela também não saberia responder a essa pergunta.
Eu tive muitos outros nomes, me dado por povos e tribos tão antigos que infelizmente sumiram sem deixar sua marca na historia e nem na minha memoria, quais eram esses nomes? Artir a luz prateada, Miriate o sol noturno, Luniron a fada da lua e muitos outros.
O fato é que em meio a tantos nomes eu prefiro me identificar como a dama da lua, esse é um termo genérico e posso usá-lo sem descartar os outros, pois sinto um carinho especial por muitos deles.
   Como eu disse, sou eterna, sou poderosa tão poderosa que meus poderes vão alem da sua imaginação e de sua compreensão, humanos não podem compreender o poder de um deus, só deuses podem compreender o poder de um deus.
   O tempo como disse nos faz mais sábios, mais poderosos e nos faz mais esquecidos também, essa é nossa maior tristeza, a porem uma única coisa que o tempo não apaga de nossas memórias, uma coisa tão forte que não esquecemos, mesmo que tentamos com todas as forças.
Você pensou no amor?
Se sim você estava errado.
O que não esquecemos, são os nossos pecados.

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