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29 de junho de 2012

Cartas de Lone II

Lone, 27 de abril de 1327

Minha Olivia

   Já consegui uma moradia aqui em Lone, uma casa na ala sudeste, é um local minusculo e com um estado deplorável, gastei dois dias inteiros arrumando a casa para torna-la "habitável". Devo lhe falar um pouco sobre a ala sudeste irmã, ela não é um lugar "ruim", mas eu diria que é um lugar triste. É um local pobre e a maioria das pessoas que aqui moram são mendigos, prostitutas e vagabundos, todos pobres coitados, e tudo que consigo sentir deles é pena deles.
   Ontem visitei o palácio de Leno Olivia, é um local lindo, esculpido em mármore, ouro e bronze, fico indignado com tamanha diferença na mesma cidade, enquanto as pessoas na ala sudeste estão a viver na miséria os mandells (é um termo próprio de Lone irmã, equivalem aos nossos nobres) vivem no luxo e esplendor. Fui ao palácio me apresentar para o meu trabalho como escrivão, la as coisas são muito burocráticas e cheias de regras, os funcionários reais examinaram meus documentos por horas ate que concordaram que estava tudo certo e que eu poderia começar a trabalhar a partir de amanha.
  Agora irmã irei falar o que realmente queria dizer com essa carta, foi um acontecimento que me impressionou muito e queria dividir aqui com você.
   Enquanto eu voltava do palácio para minha nova casa passei por um mendigo que me pediu dinheiro, a aparência do homem era deplorável, vestia farrapos, um trapo de roupas que acredito que um dia foram brancas, mas atualmente tinham uma cor marrom quase negra, ele exalava um cheiro horrível (cheirava a um cadáver se quer saber minha opinião) o homem já estava morto, só não sabia disso, ou então sabia mas ate a morte se recusou a leva-lo (acho que nem ela gosta de Lone, e se for isso mesmo, começo a perceber que estou gostando um pouco dela apesar da má fama dessa incansável carrasca), dei algumas moedas que tinha, o homem me agradeceu com um aceno indiferente... não era assim que era para ser irmã, existem mendigos em toda cidade, lembra-se daquele velho que vivia a pedir a esmolas na escadaria da igreja de nossa cidade quando ainda eramos jovens? (não me recordo o nome dele infelizmente, mas sei que era um bom homem) Aquele sujeito podia viver na miséria, mas eu via nos olhos dele muito mais vida do que vi nos olhos desse mendigo em Lone. A pobreza não traz infelicidade, da mesa forma que a riqueza não trás felicidade, não era isso que nossa amada mãe sempre nós dizia?
   Não contive minha curiosidade Olivia, me sentei ao lado daquela pobre alma e comecei a conversar, acreditava que poderia ajuda-lo, perguntei a porque das cosias serem como eram, porque ele vivia em tanta miseria enquanto a apenas alguns quilômetros de distancia os mandells desfrutavam de todo o luxo, sabe o que ele me disse Olivia? "É assim que as coisas são, para que reclamar? Nada ira mudar mesmo" como alguém pode pensar isso?! O que mais me revoltou é que não senti raiva nem na sua voz nem no seu olhar, tudo que senti foi conformismo, ele estava no fundo do poço e parecia estar satisfeito ali.
   Conclui que aquele mendigo é um animal que sempre viveu nas sombras irmã, tudo que ele conheceu foi a escuridão, só pode ser isso Olivia. Co.mo alguém que nunca viu a luz pode almejar por ela? Acredito que é isso que essa cidade precisa, luz, por isso tomei uma decisão, amanha irei ate a igreja, vi uma no caminho do palácio. Tenho certeza que o padre poderá me ajudar! Conversarei com ele, e sei que juntos arranjaremos um  modo de transformar essa cidade em um lugar melhor, um lugar onde apesar da pobreza e da miséria as pessoas poderão sorrir.
   Falando em luz a minha já esta acabando (preciso comprar mais velas), tenho que parar de escrever, mas não se preocupe, em breve recebera uma nova carta minha, e nela as palavras serão melhores! Falarei com o padre amanha!

Abraços, Thomas.


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